O SOLO SAGRADO, ONDE
MÁRIO DE ANDRADE CONHECEU ANNITA MALFATTI.


… Hoje é o Bar e Restaurante Pirandello, na Rua Libero Badaro, 332!
Em outubro de 1917, o escritor Monteiro Lobato então redator do Jornal O Estado de São Paulo promoveu o INQUÉRITO DO SACY, um inventário com consulta pública para valorizar o Folclore Brasileiro a partir da figura mítica do Saci Pererê. Esta ação resultou na realização de uma Exposição com pinturas, desenhos e esculturas retratando o personagem até então relegado a “oralidade”. A Exposição oferecia uma Premiação de Bolsa de edtudos na Europa atraindo muitos artistas tenomados na época como: Voltolino, Wast Rodrigues, Humberto Della Latta, entre outros. Annita Catharina Malfatti increveu-se e participou com uma pintura em estilo moderno. Aliás foi a única participante feminina!
Lobato, nacionalista que execrava a Arte Moderna, atacou fortemente a obra de Annita em suas críticas na Revista do Brasil e, com deselegância e extrema misoginia a desclassificou do concurso.
Alguns semanas depois, últimos dias da exposição, um jovem carioca de 20 anos (Emiliano Di Cavalcanti) visitou a mostra e ficou tão encantado com a obra de Annita, e juntamente com os jornalistas Arnaldo Simões e Gelasio Pimenta resolveu procurar a jovem artista para conhecer sua produção. Foram recebidos por Annita na Rua Ceará, Higienópolis. Depois de conversarem por algum tempo, apesar de alguma relutância da jovem, convenceram-na a expor.
Desde que voltara de suas viagens a Alemanha em 1914, e aos Estados Unidos em 1915, a artista sofria forte resistência conservadora, inclusive de sua família em relação às suas obras extremamente modernas para os padrões acadêmicos da época. A São Paulo das primeiras década do século XX era provincial e atrasada em relação a Arte da Europa.
Annita aos 20 anos pôde vivenciar na Alemanha o choque cultural e tecnológico de uma sociedade desenvolvida. Berlin em 1910 ja contava com Metrô, Centros Culturais e inúmeras Galerias de Artes, onde ela conheceu em 1912 o pensamento e estética de vanguarda com professores, artistas. Visitou Exposições Coletivas como a “Sonderbund”, uma das grandes retrospectiva de Arte moderna com obras de Cézanne, Matisse, Maillol, Van Gogh, Gauguin, Picasso, entre outros.

Nos Estados Unidos de 1915 a 1916, participou de atividades na Independence School of Art onde pintou livremente e conheceu pessoalmente artistas como Isadora Duncan, Marcel Duchamp, o escritor russo Máximo Gorki, Leon Bakst, todos ciceroneados pelo organizador o ator Hommer Boss. A safra das famosas obras, O Japonês, O Farol, A Estudante e o “célebre” O Homem Amarelo são desta época mágica vivida pela jovem Annita que em agosto de 1916 regressava a São Paulo.


Entre 12 de Dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918, no mesmo Salão térreo da Exposição do Sacy de Lobato, na rua Líbero Badaró, 111 (hoje n° 332), ANNITA MALFATTI realizou sua Individual MISTRA DE PINTURAS MODERNAS com mais de 50 obras.
A Exposição foi a Primeira Mostra de Arte Moderna Brasileira no Brasil, e foi assunto de grande Polêmica, atiçada pela matéria crítica de Monteiro Lobato publicada em 20 de dezembro no Jornal O Estado de SãoPaulo “Estadão”.

A polêmica alimentou os embates entre Jovens “futuristas” e os “passadistas” da Sociedade Conservadora paulistana! Apesar do trauma, Annita que se recuperou resignada. Na verdade a “ofensiva” de Lobato acabou por impulsionar a carreira e a consagração de Annita.

Ali, naquele Salão térreo (que conserva as mesmas características e, ainda atualmente é possível frequentar), adentraram as principais personalidades paulistanas da época, como por exemplo, o Presidente do Estado, Dr. Altino Arantes.
Ali também nasceu através de um poema, o melancólico e “apócrifo” romance paulistano, entre Mário de Andrade e Annita Malfatti. Ali, na Líbero Badaró, 111 (hoje N° 332) eles se olharam e conversaram pela primeira vez.

VISITE – RESTAURANTE PIRANDELLO
Rua Líbero Badaró, 332 – Centro de SP.
EDGARD SANTO MORETTI – Descobriu em janeiro de 2019 a localização atual do Prédio onde ocorreram as Históricas exposições de Monteiro Lobato e Annita Malfatti que foram o estopim para a realização da Semana de Arte Moderna de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo. A notícia foi publicada no Caderno 2 do Estadão dia 27 de Janeiro de 2019.


Em 2020 a Prefeitura Municipal de São Paulo instalou uma placa na parede externa da fachada reconhecendo a importância histórica do Local.
Fontes: Livro Anita Malfatti no tempo e no espaço – Profa. Marta Rossetti Batista- Edusp; Acervo Digital Jornal O Estado de São Paulo; Acervo do AHM- Arquivo Histórico Municipal de São Paulo.
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